Causam-me náuseas, as perversas comédias pastelões que os fantásticos globais da vida me proporcionam.
Um circo dos horrores visto como estilo de vida pelos muitos milhões de semanais fantoches fanáticos.
Pobres e quase pretos de tão pobres ou quase pobres de tão pretos (não podia me privar de parafrasear dois dos meus ídolos), nas favelas, subúrbios e periferias (mais pobres do que periféricas) da nação sonham acordados em ser parte da elite e chutar mil cabeças.
Não que eu também não sonhe chutar mil cabeças.
Pessoas alienadas preocupadas mais em manter suas ilusões do que de fato tentar ascender na vida.
E, infelizmente, eu não posso culpá-las.
Foucault diz que o mundo espera que sejamos imbecis.
Essas pobres pessoas estão apenas se submetendo ao discurso conformista que elas mesmas ajudam a manter.
Pessoas carismáticas, que podem até ser impolutas (mas que não vão mudar o mundo), como Regina Casé, querem nos fazer crer que está tudo bem com a parcela miserável da população, contribuindo para a estagnação da própria.
E o nosso Estado, ao contrário do que se espera de uma nação digna, apenas contribui para essa situação.
Panis Et Circenses.
Malditas pessoas na sala de jantar.
Ali estão os panos sobre os mastros e ainda assim estão todas mofando em suas casas de lata, de terra ou de cimento cru e úmido.
É claro que o Estado não vai se mexer.
Está tudo muito cômodo para Ele.
Eu tenho é a vontade de chacoalhar cidadão por cidadão.
Esperem.
Domingo.
Ruas vazias.
Olhem por dentro das janelas.
Pessoas obstinadas, alienadas preocupadas mais em manter suas ilusões do que de fato tentar ascender na vida.
Ascender na vida?
Vida?
Acho que me perdi.
Difícil é pensar com televisão ligada.
Desliguemos, pois, o aparelho e cantemos nosso hino.
Todos juntos; The Star Spangled Banner!! -logo após o minuto de silêncio pelos milhares de pobres estadunidenses mortos na tragédia de onze de setembro que aconteceu há três, quatro, oito.. há alguns anos atrás.
Domingo, dia 21 de outubro de 2007.