terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Será que o papa também acha isso? ou Vocês queriam texto, agora deliciem-se -ou sodomizem-se.

Vocês viram essa?
Querem estudar os cérebros de uns moleques da FEBEM.
O intuito da pesquisa é provar que os criminosos têm predisposição à violência desde que nascem.
Eu, sinceramente, não acredito nesta causa.
Aliás, qual seria a diferença entre estudar o cérebro de um policial, um general ou um batedor de carteiras qualquer?
Na minha opnião, e na opnião de um grupo de advogados e sociólogos que assinaram um manifesto contra a pesquisa, esse tipo de estudo contribui ainda mais para a segregação de raças/classes.
Existe um argumento, e eu ainda não me decidi sobre ele, o qual diz que é indigno fazer tais testes com seres humanos, como se fossem cobaias.
Oras, a pesquisa é indolor.
Mas... Por que não o cérebro de um maníaco, um corrupto ou um policial, hein!?
Oh!, estou vaticinando: pessoas mirando para jovens segurando sub-metralhadoras e usando drogas, tudo à vista, nos morros cariocas, e dizendo que "Oh!, pobrezinhos, eles têm predisposição ao crime organizado".
Pois é, esses pobrezinhos com predisposição ao crime organizado, de uma forma ou de outra, têm de ser punidos detidos, afinal, a polícia tem o privilégio dever de matar bani-los da sociedade, e a polícia não tem predisposição alguma ao crime organizado.
Na escola, tentam nos dizer que os nossos antepassados se alimentavam de animais que caçavam, brigavam, massacravam outros grupos, cercavam mamutes e o amor era livre.
É justo dizer que um tinha mais predisposição à necrofilia, à fidelidade ou à caça do que outro, apenas por uma questão genética/hereditária, sendo que tais atos eram hábitos comuns na Idade da Pedra?
Bom, o que mais espero é que essa minha incredulidade tenha fundamento.
Se for divulgado que realmente os criminosos tiveram seu destino traçado em suas vidas intra-ulterinas, meu queixo cairá.
Mas, tipo, lembrem-se: na Alemanha nazista, as crianças aprendiam que a sua raça era superior a todas as outras.
Ah!, sei de um exemplo mais atual: os Estados Unidos.

O Jornal Nacional.

Camões: tão distante e tão atual.
Vocês prestam atenção nos jornais televisivos?
Aqueles dois agentes-da-verdade, com aquelas caras-de-nada, aquela voz quase monofônica, aquele cenário quase-monótono.
E como eles triunfam: oh!, o futebol, oh!, a Globo descobriu mais um escândalo.
Falácia.
A Globo é um escândalo.
Quem liga?
Quem liga pros mensaleiros absolvidos, aqueles que farão trabalho comunitário?
Isso não nos diz respeito, não é mesmo?
Tiveram sorte eles, né?
Ah!, mas aquele casal merecia ser punido mesmo!
Que casal?
Aquele que cobrou pelas vacinas de febre amarela.
São pobres, mereciam...
Argh!, aquela menina... hum... erm... de cor!
Oh!, vejam só!
Cobraram pelas vacinas de febre amarela!
Mas ninguém presta atenção nisso, né?
Não nos interessa quantas crianças morrem por dia por motivos idiotas, não nos diz respeito a vida particular dos nossos políticos burgueses.
Ah!, a novela...
Ah!, o reality show...
Mas esse estilo-de-vida é para poucos.
Sorte do mensaleiro que vai ajudar as criancinhas carentes.
Sorte dele.

1984 e a Realidade.

Há uns minutos atrás, eu terminei de ler o 1984, clássico universal do escritor inglês George Orwell.
1984 e Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley.
Sensacionais.
A crítica é da metade do século passado, mas continua, de alguma forma, atual.
Ambos discorrem, mais ou menos, sobre os mesmos assuntos, e prevêm um futuro completamente sistemático e maquiavélicamente organizado.
E, durante a leitura do Orwell, quantas vezes eu pensei que a realidade por ele prevista, e descrita, estava longe da minha, e que a crítica por ele discorrida não dizia respeito à época atual...
Como eu estava enganado.
Hoje à noite, voltando de metrô de uma sessão de cinema (nada a ver com sexo ou um jovem estadunidense que salva a pátria, a pátria dele; Across The Universe era o nome do filme), percebi que já até é capaz que estejamos vivendo numa sociedade do Grande Irmão.
O preço do transporte sobe todo o ano; cada vez mais o transporte se mostra ineficiente; as pessoas continuam indiferentes, como se isso fosse algo que não as dissesse respeito, como se aperto, esperas, greves inesperadas, fosse algo de corriqueirice nas cidades de Primeiro Mundo, e que fizesse parte da contínua manutenção dos meios de transporte público.
Pois tinha muita gente esperando o trem, que não chegava nunca.
Esperaram muito tempo, muito tempo mesmo.
Quando o trem chegou, houve até quem aplaudisse.
Na semana seguinte, ninguém mais lembrará disso.
E o Orwell também fala disso.
As pessoas ficam satisfeitas em chegar em casa e não perder o Festival de Verão do Salvador ou, em outras palavras, as pernas da Ivete Sangalo, porque isso as faz crer que está tudo bem, e é isso.
Outro aspecto presente no livro, além da perda da memória diária, é completa estagnação da classe baixa em relação aos eventos políticos: é a camada mais abundante da população que, se soubesse de seu poder, poria abaixo qualquer regimentação, se isso fosse de interesse.
Nos dois clássicos supracitados, a queda do governo não é o que realmente importa; em Admirável Mundo Novo, os trabalhadores trabalham quase que hipnóticamente (Ford é considerado uma entidade divina no livro), e ao final do dia recebem um comprimido chamado soma, uma droga alucinógena, aparentemente inofensiva.
Enfim, cheguei em casa após a sessão de cinema, terminei de ler o livro e resolvi prestar atenção um pouco à televisão.
Fiquem tranqüilos, era o jornal.
Uma reportagem falando sobre um software desenvolvido pela Microsoft, direcionado a empresas, o qual prometia manter o controle dos funcionários através da medição e análise da respiração e dos batimentos cardíacos deles, além de outras coisas, as quais eu naturalmente esqueci até chegar a este ponto do texto.
Porra, não lhes ocorre que esta é a maior falta de privacidade possível?
Está bem, ainda não chegou às nossas casas.
Ué, é questão de tempo.
Há pouco tempo, a Microsoft também lançara um sistema acoplado a certos futuros televisores, capaz de prever o que o espectador deseja assistir, a partir de dados colhidos antes e durante o uso do sistema.
Conforto?
Privacidade?
Quem não vê semelhança entre o software para chefes completamente sistemáticos e controladores, descrito há sete parágrafos, e uma teletela, não enxerga um palmo à frente do rosto.
Agora, quem não vê semelhança alguma entre o reality show Big Brother e o livro de Orwell, eu respeito.


Quinta-feira, 17 de janeiro de 2008.
Talvez seja importante ressaltar que é 01:44.
Talvez não.

Só faltava eu discursar sobre o Big Brother.

Eu podia escrever muitas linhas argumentando o porquê do meu ódio mortal pelo Big Brother, mas adiantava?
As pessoas não leriam e continuariam a dar audiência pra Globo.
E as pessoas sabem que aquilo é uma distorção tremenda, não só de 1984 do George Orwell, mas da realidade.
De doze participantes (?), apenas dois são negros; 70% da população brasileira é de pardos e negros.
Ah!, podem esquecer.
Eu já escrevi que a minha argumentação de nada vai valer.

Crise ou Sem Título Concreto.

No final do ano passado, eu estava caçando alguns livros para levar para a minha viagem de férias.
Então, dei-me de cara com um livro que eu havia comprado no final do ano retrasado, um livro quadrado e quase-grosso, brochura, uma coletânea de revistas.
"PRESERVAÇÃO DA MEMÓRIA NACIONAL", "DEFESA DA CULTURA NACIONAL" e "2", eram as frases que constavam na capa do livro que eu comprara apenas a dois reais, em um sebo.
O livro é dividido em sete partes (Folclore, Humor, Televisão, Teatro, Música, Artes Plásticas e Literatura) e todas as partes tem sempre a mesma formação: um ou dois textos expondo características de certo ramo artístico, correntes culturais, história e decadência de um movimento ou a biografia de uma personalidade importante para o desenvolvimento cultural do país; e depois dos textos, uma crítica.
O principal foco destas críticas, era uma crise de identidade cultural ocorrida graças à difusão em massa da cultura e estilo-de-vida estadunidenses e... o que mais me assusta nisto tudo, é que este livro é de 1983.

Feliz Ano Novo ou Da Minha Permanente Falta De Imaginação.

Durante umas duas semanas, eu sumi.
Andei perambulando por aí fazendo sei lá o quê.
Só sei que, hoje, eu já ando de bicicleta e sei imitar uma gaivota.
Ah, antes que eu esqueça, feliz ano novo aí pr'ocÊis.
E, realmente, não faço a mínima idéia de qual será o assunto do primeiro post de 2008.
Estou em dúvida se comento sobre Douglas Adams, se falo das minhas férias, se falo sobre a Bruna, se faço um mais um texto de teor político ou cultural, se escrevo uma poesia com paixão/coração/ilusão/desilusão/avião/solução ou se simplesmente esqueço isso tudo e termino o post por aqui.
Se vocês chegaram até esta linha, é porque eu batalhei.