domingo, 31 de maio de 2015

Hiato.

Há pouco fui desmentido pelo meu pai. Parece que o domínio do Blogspot concerne ao Google. Mas a urgência e calor do texto, procedente ou não o causo, merece ser publicado.

Fui peg_ desprevinid_. Hoje apenas é que tive acesso à informação de que o blogger seria desativado. Hoje é a deadline de qualquer postagem. Em segundos oito anos de história são arquivados e tirados da rede.
Felicito merdas de potato e o mundo não é chato por terem resistido a esses anos tantos. [Estaria eu esquecendo de qualquer outro?]
Este blogue viu a minha história - de ameba super-dotada - acontecer, desde o primeiro ano do Ensino Médio até o primeiro ano de mestrado [sem contar que eu comecei a bloguear na oitava série. No dia três de novembro de 2006 eu publiquei o debut do finado blogue O Sonho neTrop!k@lista da terra dos Bauretz do Sul dos Confins do Além]. Isto equivale a dizer que a porção mais importante e interessante da minha história está de certa forma aqui. Dá pra ver como eu aprendi a fazer poesia - concreta, leminskinha -, como eu aprendi a escrever, como os estudos acadêmicos influenciaram tanto a escrita como a frequência de textos, como a presença de amores e dissabores impactaram na minha escrita, como minhas convicções políticas se desdobraram - socialismo, situacionismo, anarquismo, niilismo, essa coisa atual que eu sei lá como definir, mas que é esquerda.
[E, sobre a votação, Vocês já tiveram a vontade de quebrar um vaso na sua geladeira (?), restariam ainda 86 dias - sempre procrastinados pela insistência do blogue em permanecer - e, naturalmente, 88% dos votos indicam para Meu refrigerador não funciona, ao passo que Não segue na retaguarda, com 2%.]
Eu não sei bem que causas conduziram a este fim. Acho que muita coisa poderia ser dita. Mas não vou registrar um compêndio por pelo menos dois motivos:
NÃO HÁ TEMPO PARA TAL
e
A HISTÓRIA É [DESEJAVELMENTE] ALINEAR!
As coisas morrem-nascem, afinal, e essa é uma das lições mais preciosas que aprendi este ano-último. Vou me informar sobre backup dos textos. Preciso tê-los todos registrados e talz...
Estou muito triste... Mesmo que não lido, a presença do blogue na rede me alentava, de algo, que eu não sei muito bem o que é. Medo da solidão, esperança de poder ser encontrado, em um lugar onde realizei com eficácia a minha utopia, a Ilha Psicodélica do Nietzsche. Gostaria de evocar este meu mentor, neste momento final. A autoridade de tudo que foi feito até aqui é, ademais, coletiva e, saravá!, que bom que minhas aulas de antropologia puderam chancelar minhas intuições de pré-adolescente. Com vocês, um adeus_das_coisas_que,_sabemos,_nunca_acabam e...
O que é portanto a verdade? Uma multidão móvel de metáforas, metonímias e antropomorfismos; em resumo, uma soma de relações humanas que foram realçadas, transpostas e ornamentadas pela poesia e pela retórica e que, depois de um longo uso, pareceram estáveis, canônicas e obrigatórias aos olhos de um povo: as verdades são ilusões das quais se esqueceu que são, metáforas gastas que perderam a sua força sensível, moeda que perdeu sua efígie e que não é considerada mais como tal, mas apenas como metal.

A infância da humanidade, ou, Fortuito encontro entre um embrião humano e um embrião social

Apresentado ao processo seletivo do Núcleo de Dramaturgia da Escola Livre de Teatro. Passei no núcleo, mas optei por não frequentar as aulas.

Texto dramatúrgico sobre estereótipo e sujeição.

Personagens

Epígrafe é circunspecta e pontual. Empunha um megafone.
Espermatozoide é sagaz e reacionário. Veste uma túnica branca.
Selvagem é um homem ingênuo e rude. Veste túnicas associadas ao estereótipo do “selvagem”.

Ato Único

Tudo se passa em uma praça pública. Ao centro do espaço cênico circunscrito está Selvagem de pé, de costas para o público. Espermatozoide está posicionado em frente a Selvagem, de forma a não ser visto pela plateia.

Epígrafe destaca-se na cena. Quando sentir que está sendo notada pelos/as espectadores/as, ergue o megafone e anuncia o início da farsa com as palavras que se seguem.

Epígrafe: Um selvagem está para um homem civilizado assim como uma criança está para um adulto.

Assim que Epígrafe se retira de cena, Selvagem começa a se masturbar – ainda de costas para a plateia. Ao atingir o ápice, Espermatozoide que estava posicionado em sua frente salta e a plateia enfim pode vê-lo, dando a entender que o personagem é a materialização da ejaculação do primeiro. Selvagem deita-se extasiado e ofegante enquanto Espermatozoide se debate freneticamente, como um peixe ainda vivo fora d'água, mas diminui pouco a pouco o ritmo. Quando dá por si, Espermatozoide levanta, observa a plateia, reconhece o espaço e então reconhece Selvagem, ainda deitado e até então alheio à cena.

Espermatozoide: Papai?

Selvagem se levanta assustado.

Selvagem: Quem está aí? Quem é você? (demora pra se dar conta de que a voz vem de Espermatozoide)

Espermatozoide: Calma! Sou seu filho!

Selvagem: (se dá conta) Não é possível!

Espermatozoide: O que foi?

Selvagem: Você é a minha porra!

Espermatozoide: Mas quanta rudeza! É assim que você trata um recém-nascido? Vocês homens selvagens são mesmo uns escrotos!

Selvagem: Porra não fala!

Espermatozoide: Grosso!

Selvagem: Aliás, você não nasceu!

Espermatozoide: Não? E o que você está vendo? Uma miragem? Francamente... Vocês selvagens, fazem filhos o tempo todo e depois tentam se eximir da responsabilidade.

Selvagem: Essa é boa! Porra falante! Tenho que parar de comer cogumelo.

Espermatozoide: Você tem é que parar de praticar o onanismo à toa! Não sabia que cada vez que desperdiça a vida à toa, mais condenável e vergonhoso torna-se à frente do Senhor?

Selvagem: Que senhor? Eu? Você? Isso é retórica?

Espermatozoide: Deus! Vocês selvagens são uns abnegados. Além disso, têm um problema sério de demografia e não fazem nada em relação a isso. Se parassem de fazer sacanagem sozinhos não teríamos demorado milhões de anos para colonizar os outros animais e dominar a natureza.

Selvagem: Deus, demografia, natureza... Não entendo nada do que você fala. Onde você quer chegar com isso tudo?

Espermatozoide: Eu vou explicar o que estou fazendo aqui. Eu sou um super-espermatozoide ciborgue vindo do futuro para salvar o presente da selvageria do passado.

Selvagem fica intrigado e compartilha tal sentimento com a plateia.

Espermatozoide: Estamos com um problema sério no presente. (Espermatozoide dá prosseguimento ao assunto) Camadas de seres incivilizados estão atrapalhando os objetivos das pessoas normais. Estão fazendo microperformances, rolezinhos, quebrando os ônibus, alguns querem até se articular no nível institucional. Estão tomando as universidades, teme-se que entrem na política. São uns baderneiros! Denunciam tudo e todos aqueles que só vivem para o bem... Daqueles que querem bem!

Selvagem: Como vão resolver esse problema?

Espermatozoide: Vamos disseminar a moral e os bons costumes aqui, para corrigir o presente, e assegurar um futuro harmonioso para todos.

Selvagem: E como vão fazer isso?

Espermatozoide: Estou equipado com super-genes ultra-inteligentes. Preciso apenas que você me conduza a um óvulo fértil. Dessa forma, vamos assegurar desde já os valores civilizados. Digamos, você...

Selvagem: Calma! (Selvagem interrompe Espermatozoide) Se você veio do futuro... Como veio parar no meu pau?

Cena paralisa. Epígrafe entra em cena mais uma vez e, munida com um megafone, diz:

Epígrafe: Quando a ciência perde todas as possibilidade de explicar a realidade, eis a única resposta possível a ser evocada...

Epígrafe se retira e a cena descongela.

Espermatozoide: Ué! Foi Deus. Mas olha, deixa logo eu explicar, já que estamos perdendo tempo. Com quem foi que você teve sua última relação sexual? (Espermatozoide começa a esboçar alguma fraqueza)

Selvagem: Humm! (pensa um pouco olhando ao redor) Ele! (aponta para algum homem na plateia)

Espermatozoide: Mas... Ele é um homem.

Selvagem: É!

Espermatozoide: Puta que pariu, vocês são piores que os bonobos. Olha, eu preciso de uma mulher com um óvulo fértil, senão eu vou morrer! Nós, super-espermatozoides, apesar de termos sido criados em um laboratório milionário financiado por grandes universidades, temos um curto tempo de vida fora de ambientes úmidos e quentinhos.

Selvagem: Tirando as mulheres da plateia, não tem nenhuma mulher pré-histórica por aqui. A última que tinha nas redondezas morreu tentando abortar porque nós ainda não inventamos qualquer tipo de assistência médica especializada em demandas das mulheres. 

Espermatozoide: Como vocês deixam uma mulher abortar? (fala já com dificuldade, sente-se muito fraco, ajoelha-se) Que coisa horrorosa!

Selvagem: É que nós ainda não inventamos o patriarcado também.

Espermatozoide: Socorro! Não consigo mais respirar!

Selvagem: Poxa, seu Porra! Como eu posso te ajudar? (agacha-se condescentente próximo a Espermatozoide)

Espermatozoide: Sabe como? É meu último pedido!

Selvagem: Pode falar!

Espermatozoide: Promete que cumpre?

Selvagem: Claro!

Espermatozoide: Extingue a palavra “porra” da humanidade! Liberte os gametas do futuro opressivo. Nós, gametas merecemos ser tratados com respeito, não como... “porra”!

Selvagem: Oh! Mas e se eu não conseguir?

Espermatozoide vacila por um instante, e então morre. Selvagem olha para a plateia abismado, confuso, atônito. Pausadamente diz (talvez olhando para a plateia)...

Selvagem: Porra!

terça-feira, 26 de maio de 2015

NÃO MATAR O SONHO!

se por evitar o contraste entre forma e conteúdo, este texto tornar-se enfadonho,
cego
.........e
............mudo
castro
...........o
..............sonho.

por que não chegar a Copenhagen? Em Copenhagen os copenhagueses vão preparar um dinner e me contar como os danish bichas e sapatões vivem lá. quem sabe no meio de um passeio turismológico na península da Jutlândia eu veja algo além dos contornos fantasmagóricos dos couraçados alemães e ingleses. no seio de uma epifania, num país onde certamente a pergunta "why - people - don't u dance in the party?" imporia-se em urgência, meu coração talvez aí satisfeito viesse a - imbuído de matéria semântica - compreender a distância que O Vento me levou das penínsulas próximas. se na Barra _s turistas e soteropolitan_s vaiam a licença solar, sequer sei se os jutlandeses têm um Sol.
por que não posso roubar um beijo da Geórgia em Tessália? ela está com licença naval, tenho certeza que o Atlântico tem outra cara no meridiano oposto à praia da Ponta.
por que eu olho tanto para o Saturno de Goya, se o brilho em seu olhar soa mais amarelado que a impressão na folha? irônica a homonomia do museu onde formalmente consta a obra e o meu sobrenome.
em latitudes simétricas, em Greenwich ou no Equador, vibram da mesma maneira as cordas de um violão?
por que vejo Tim Ingold nas linhas dos livros, e não no movimento de uma colher em um chá trivial em Abeerden? por que eu não posso sentar a bunda numa porra de um Luís XV, ou na vara de qualquer Louis com 15cm?
potente o sonho, na real.
disse recentemente, para um garoto por quem eu abriria todos os poros da minha existência, que jogasse a partir das regras de seu parceiro incerto. lhe disse para fazê-lo! você pode desistir, mas, em caso de querer continuar, jogue o jogo dele!
por favor, cara, faça isso por você, é por mim também, é uma forma de dizer pra mim que esse jeito de pensar e sentir faz todo o sentido, cara, por favor,
NÃO MATE O SONHO!
porra, eu estou dizendo pr'aquele garoto investir em outro, pelo qual está apaixonado, e não em mim, e isso é uma grande bosta, mas foda-se!, acho que estou dizendo algo muito forte: vai-se o conteúdo fica a forma,
NÃO MATE O SONHO!
que se escancarem os sonhos escondidos!
naquele que ainda é o melhor texto que já escrevi, disse - eu que há pouco pensei tanto no sonho do outro - que nada me fará dobrar às "minhas convicções políticas"! nada definirá de antemão as dobras, a dimensão, o cheiro e o sabor do meu sonho.
este está aqui para informar...
potente.
cristalino.
verborrágico.
o sonho que eu tenho
....................................é mágico.

Questão dos bancadores e folgadões.

Este texto é como se fosse um resumo de algo a ser mais problematizado. Trata-se de pensar as dinâmicas entre bancadores e folgadões; na qual os primeiros prometem a partir de expectativas compartilhadas em relação aos segundos. As promessas, no entanto, são de difícil execução, ou se dão de maneira fragmentada. Há uma esquizofrenia voluntária do primeiro, o que implica na consolidação de um traquejo para o segundo. O texto em questão foi escrito no celular entre algumas estações de metrô.

Por que é tão difícil estender o sonho do gasto ao seu correlato efetivo? Por que são tantas as dificuldades para processar um gasto indiscriminado, senão, o que caracteriza o discurso do bancador como mais propenso à fantasia? Estaria o sonho da classe média, sobre o qual discorre Chauí no sua famosa palestra-stand-up, operando na construção de utopias gigantistas, megalomaníacas, ostentatórias? Há uma modalidade de tensão libidinal celebrada, mas cuja concretização em momentos offline é pouco processada, embora evocada como desejável no "real".
Argumento aqui que há pelo menos duas formas de interpretar tal afunilamento, cruzadas. Uma diz respeito à enunciação de uma renda incompatível com a prática por ela evocada. Condição para a interação, o dinheiro é vivido numa esfera propositiva que não necessariamente pode ser aplicada - frequentemente não o  é, por sinal - à forma de administração ou renda de fato do proponente. A experiência do bancar-de-fato mostra-se de difícil efetivação offline, ou frequentemente fragmentada. Contudo, tal propensão a não trans-locar o desejo no sentido offline, está certamente relacionada a uma posição de desprestígio dentro de um leque de possibilidades de expressão da sexualidade, que tendem a ser mais severamente avaliadas de um ponto de vista mais amplo, quando refratam-se em esferas mais públicas. Medo de um garoto de programa agressivo, mas principalmente  de uma sociedade que dignifica o trabalho e consagra o dimorfismo sexual e sua expressão hetero-conformada, saturando de normatividade os mundos mais públicos.
Para entender por que os bancadores enrolam os folgadões, é preciso levar em consideração, portanto, renda, gestão financeira e propensão a gasto a partir do capital material, por um lado, e por outro,  as expectativas e exigências sociais relacionadas a padrões de inteligibilidade, gênero, desejo e formas de habitar o mundo. Dinheiro passa a ser enxergado não apenas como condição racional de efetivação de um serviço, mas como mediador da fantasia. Desejo, por outro lado, não pode ser compreendido fora da mediação com o dinheiro e com padrões de existência mais ou menos possíveis.
Parto da minha experiência profissional que remete a atividades marcadas por afeto e desejo mediante pagamento financeiro.

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Beber sozinho

Tomar cerveja sozinho num bar no centro de um centro urbano como o Rio de Janeiro, é como viver uma forma de charme. Meu pai me ensinou desde pequeno o orgulho de pedir o próprio pingado num boteco. Eu descobri sozinho o orgulho de pedir o "café do almoço" paulistano. O maior orgulho da minha vida foi bancar meu estilo de vida com dinheiro de $êmen. Hoje, meu orgulho é estar sozinho, com o dinheiro da antropologia - que é outro universo de contato e uso com tecnologias de si.
Beber sozinho tem o charme da independência. Logo desmascarado, contudo, se se incorre em interpelar uma possível tristeza em meu olhar, ou um olhar supostamente leve que, inquirido, a desvele.
Num bar como este, em que não há fagocitose entre as mesas, devir-todas-as-mesas-juntas-num-só-balcão, facilmente não passo de um mero consumidor de Brahma.
Estou sozinho a muitos quilômetros de casa, este é, pois, meu orgulho. O orgulho de poder praticar a solidão (-e-seu-oposto) de estar com todos sem ninguém ao mesmo tempo. Desta vez, minha viagem xx xxxxxxxx carioca é comigo mesmo. E sequer os Dois Irmãos podem mudar isso.
Quando vim aqui pela primeira vez, falaram-me do bar das quengas. A Lapa mimetiza a Augusta (e vice-versa) tornando o bueiro chic, gourmetizando a boemia, oferecendo o malandrismo como espetáculo. Nem a quenga escapa a essa lógica. Talvez eu tivesse a pretensão de encontrar algo parecido com o Habeas Copus e seus adjacentes da Vieira de Carvalho.
Contudo, estar aqui não estava nem perto dos planos originais. Por um lapso de ignorância - ou melhor, sem ser agraciado por um lapso de lucidez - achei que a vida aqui já era pulsante de noitinha. Mas isso é impreciso até pro karaokê. Eis a Lapa mimetizando a Augusta (e vice-versa).
Resta, contudo, beber sozinho. Na expectativa dupla, aliás, de estender a autoria dos batons imaginários no copo, e ao mesmo tempo limitá-la. E sentir o copo mimetizando minha boca. E vice-versa.

A Vitrine

A vitrine de salgados do Starbucks me alentando do mundo externo nojento do shopping de terceiro mundo com crianças ramelentas gemendo feito cabras num campo de concentração e felizmente eu posso fingir que nada disso está acontecendo porque eu estou prestes a pedir um frapuccino venti, ou grande, porque eu sou uma ameba numa constelação de homens adúlteros e adúlteras adulteradas e velhas chechelentas com furúnculos nos grandes lábios e lábios cheios de afecções que o tempo lhes presenteou com um laço feito dos trapos da Morte, que mora dentro e fora de todos esses corações de gente escrota fazendo compras em lojas de departamento e cagando, porque a única coisa que esse povo sabe fazer é cagar como se o mundo fosse um grande jardim seco e empoeirado pronto pra ser adubado pela merdinha mole e fedida dos nossos filhos, a merda sangrenta dos adultos e o esguicho verde dos velhos imprestáveis que comem a própria bosta no asilo porque lhes ensinaram que é importante ter um prato colorido no programa de saúde da televisão torpe, mas eu nunca vou ter que lidar com isso porque eu vou morar dentro da Starbucks junto com os muffins de gruyère e nem a tropa de choque vai me tirar porque eu serei rico e eles na verdade vão conduzir a reintegração de posse quando esses mamelucos, cafuçus e mulatos e gordas rosadas e policiais militares inválidos tetraplégicos entrarem dentro do MEU Starbucks e então eu vou gritar tão alto que até um eunuco surdo na Papua vai entender que EU NÃO QUERO NINGUÉM DENTRO DO MEU STARBUCKS e que estou muito bem, obrigado, sem nenhuma criança ramelenta cagando no meu quiche e vomitando detox no chão ou tendo que baixar meu seriado japonês a uma velocidade inferior a um carro popular porque um viadinho emergente está lotando o whatsapp de um pedófilo careca com selfies sem autocomplacência com o intuito único de divulgar a perversão e a mediocridade que, no entanto, não vão existir dentro do MEU Starbucks, ou não me chamo Wesley, que é um nome horroroso de pobre porque a vaca da minha progenitora sabe dilatar a buceta mas não sabe nem ler bula de remédio, mas eu me chamo Starley a partir de agora, e este é o meu reino, e aqui dentro o wi-fi é só meu e o muzak também, e não vai tocar nem Bruno Mars nem Lana del Rey e nem aqueles viados californianos, nem aquelas sapatões reprimidas, nem cegos ou pretos, só vai tocar música de gente, e nada melhor do que uma pessoa do MEU nível para definir que música tocar num ambiente tão arrojado quanto o MEU Starbucks, o Starbucks do Starley, que não vai ter ovo de Páscoa pendurado, cruz, retrato do Obama, Aparecida, não vai ter nada disso, vai ter EU e ELE, o Starbucks com o design de interiores mais impecável que o projeto da Ópera de Sidney, a conjugação perfeita e harmônica entre Gaudí e Bauhaus, não aquela viadagem do Niemeyer, porque comunista é tudo viado, e eu não sou comunista, nem viado, nem o Palácio do Planalto, eu sou Starley, que é dono do Starbucks e habita uma vitrine cheia de gloriosos muffins de café da Sumatra e rocamboles de queijo gouda com pimenta, porque é hype pôr pimenta, esses chefs, todos viados, sempre põe pimenta em tudo, até no cu da mãe, mas ninguém vai por pimenta no cu de ninguém dentro do MEU Starbucks, porque EU decido onde vai o quê e a pimenta tá proibida de entrar no meu cu e autorizada a entrar no rocambole, e o rocambole vai entrar no cu daqueles funkeiros sádicos que ficam olhando o MEU Starbucks do lado de fora segurando aqueles skates, que vão ser o único meio pessoal de transporte que eles terão condições de adquirir durante toda a prescindível vida, e talvez um fone de ouvido, mas acho que não, porque eles preferem foder a vida de todo mundo com aquela sacanagem verborrágica e eu só quero tocar um jazz, eu não conheço nenhum músico de jazz, me falaram que Johnny Cash não é jazz, mas pode tocar, e vai tocar jazz sim, porque jazz que é música de gente, o que não é música de gente, esse barulho infernal de cocota gemendo que até na novela passa e todo mundo acha lindo música de cocota gemer, os cafuzos adoram ver uma cafuza introduzindo uma garrafa de molho shoyu na buceta, mas no MEU Starbucks, Starley's Starbucks, não vai ter buceta na tevê, não vai ter nem tevê, e se tiver só vai passar CNN, e não Globo News porque brasileiro não sabe nem limpar o cu, desde pequeno, e por isso a Pampers é tão cara, vamos todos comer fralda que tá valendo mais que o salmão, mas é que aqui a gente valoriza merda, e por isso no MEU Starbucks só vai ter jazz e CNN e pimenta e Gaudí e Bauhaus, mas Bauhaus não é aquela banda horrorosa que aqueles góticos viciados em pedra ouvem enquanto se masturbam com patas de teiú, é uma escola de belas artes, não essa porcaria de Romero Britto, Niemeyer, Lana del Rey, é arte mesmo, que nem jazz, que nem a CNN e os croissants de chocolate belga à base de cacau do Quênia, porque a única coisa que esse paiseco imprestável deve servir é o cacau, e no máximo uns corredores, porque o povo lá deve correr muito da polícia, que nem esses hippies sujos que infestam a porta do MEU Starbucks, mas eu tenho o telefone da tropa de choque e hippie nenhum vai atrapalhar minha vida aqui dentro com os cafés importados e o wi-fi e a noz moscada e o jazz, finalmente será eu comigo mesmo e os croissants e os frapuccinos venti de bacalhau norueguês não aqueles cuzcuz com margarina de gordura de feto de exu que a minha mãe me punha goela abaixo como foie-gras, que nem esses pobretões que ficam no metrô tentando pôr aquele lorota pseudo-beatnik goela abaixo como se fossem gênios incompreendidos, mas não passam de uns desabrigados sem auto-compaixão que JAMAIS vão entrar no MEU Starbucks porque no MEU Starbucks, o do Starley, não vai entrar nenhum viadinho pequeno-burguês, porque os beatniks não passavam disso, ficavam bebendo uísque pseudo-burguês e comendo merda pequeno-burguesa como caviar, e esses pretos no metrô nunca vão sentir o cheiro de caviar, porque eles acham que é mais útil se pintar de prata e ficar parado em cima de uma caixa de feira no viaduto Santa Ifigênia do que fazer um curso técnico de torneiro mecânico, que nem o bosta do meu avô, que morreu porque era mais burro que uma porta, de infecção no fígado, mas nem sei por que estou me preocupando, porque dentro do MEU Starbucks não vai ter preto pseudo-beatnik, torneiro mecânico nem infecção hepática, vai ter irish coffee, uísque White Horse, e não esses choconhaques de Dreher que os alcoólatras tomam em manhãs de frio antes do trabalho achando que são o Tony Ramos, mas isso para aqueles que trabalham, porque se tem uma coisa que esse povo não suporta é trabalho, trabalho dá coceira neles, urticária, eles preferem passar pimenta no olho, urtiga naqueles bagos imundos, tomar sopa de Diabo Verde do que trabalhar, povinho de merda, que nem sabe pronunciar o nome do MEU Starbucks, não sabe pronunciar nem o MEU nome, Starley, mas é desavergonhado o suficiente pra batizar um feto piolhento de Wesley, mas eu não conheço UM intelectual protestante que seja, nem da virada do XIX pro XX, que tenha esse nome, Wesley, Wesley!, esse povo tirou esse nome da cabeça, e isso certamente é culpa dessas cantoras pretas do Timor Leste que fazem sucesso cantando eletro-pop seminuas no Saturday Night Live, que são feitas de plásticos e fármacos tóxicos e photoshop e autotune, bom mesmo é o jazz do MEU Starbucks e o Johnny Cash, e nenhuma cantora preta do Panamá ou da República Dominicana, e nem a Lana Del Rey nem o Niemeyer e nenhum viado beatnik vestido de estátua, ninguém tá autorizado a entrar na Starley Land, só os muffins multigrãos com perfume de flor de laranjeira e recheio de blueberry, mas só eu na minha família sabe o que é um blueberry, e se eu chegar na minha casa com um pacote de mirtilos eles vão achar que são ovas de pescada estragadas ou uvas passas in natura, porque esses cretinos não sabem nem a diferença entre uva e uva passa, eles nunca colocaram uma uva Thompson na boca, porque eles não entendem nada de uva, nem de química, tampouco de Ciência Política, e se eu falar Thompson em casa eles vão achar que é uma música do Michael Jackson, porque é a única coisa em inglês que eles sabem pronunciar, porque esse pedófilo resolveu morrer e levar todo mundo junto no rádio e na televisão então eu desejo que ele morra muitas vezes ainda, de preferência com sofrimento, e que todo dia uma ave perfure seu fígado, mas eu não acredito nessa viagem de reencarnação, transubstanciação, juízo final, agnosticismo, pra mim é tudo coisa de assexuais frustradas e velhas perplexas e putas aidéticas e travecos mamelucos e índios convertidos e portugueses mais fedidos que o camembert importado que vai rechear os sandwichs de panini que constarão fresquíssimos na vitrine do MEU Starbucks, lar, vida, casa, e não vai ter nenhum ateu brocha, quaker ou depressivo niilista auto-mutilado que vai impedir o jazz de ecoar lá dentro, com o aroma de flor de laranjeira e o MEU wi-fi, a MINHA CNN, MEUS muffins de jamón, MEUS carpaccios etéreos de licor de ameixa, MINHAS paredes damasco, MEUS detox orgânicos, MEUS irish coffees, e se vier algum analfabeto funcional, ou seja, qualquer exemplar desprezível desta nação de espécimes desprezíveis, que vão ao karaokê, assistem novela e bebem choconhaque de Dreher e comem a própria bosta, se qualquer um desses vândalos da humanidade cogitar avançar um passo em direção a interior do MEU Starbucks, o MEUZINHO, a tropa de choque vai atravessá-los com espadas de samurai, porque além dos policias serem um bando de submissos reprimidos que pagam em dólar pra chupar o dedão preto de um fubanguinho aidético preto, o Brasil é o único país que vende espada de samurai num quiosque de rodoviária, como se todo mundo precisasse de uma espada de samurai pra sair de Poá e chegar em Governador Valadares, tudo cidade de pobre, então que a tropa de choque sirva pra alguma coisa, que seja furar esses lumpemproletariados viciados em lança-perfume que sonham entrar no MEU Café de altíssima excelência, do Mr. Starley, até a rainha da Inglaterra vai se ajoelhar de lingerie pra eu deixar ela entrar, O please mr. Starley, let me get to your feet, e eu vou lhe dizer, O please lady, don't be ridiculous,  I'll call the shock caps, porque os Shocks Caps serão samurais treinados e vai ser só discar o redial, e o MEU Starbucks com chantily de leite de cabra e background damasco e aroma de tâmaras vai ser mais importante que o Brasil, que a Inglaterra, que a lingerie, só não vai ser mais importante que eu, afinal, ele só existirá por minha causa e só dentro da vitrine finalmente minha existência fará sentido, minha, dos muffins, do universo, será a realização da síntese dialética que rege a humanidade, o gran finale, uma parada do início do meio e o meio do fim, nós, eu, os muffins, o Johnny Cash, os damascos, vamos irradiar civilidade para o resto daqueles alienados comedores de bosta [TO BE CONTINUED]

O Texto Perigoso

O Atlas Ambulante me informou duas coisas preciosas. A primeira delas é: Descrever é localizar. O mapa contém uma potencialidade ambígua; localizar é admitir um ator numa cartografia revestida pelo poder. Uma nação, uma tribo, uma reserva ecológica são delimitadas num mapa quando são reconhecidas como agentes de poder relevantes. A ambiguidade do registro cartográfico consiste, portanto, nessa atribuição de poder; quem está descrito, localizado, está suscetível de ser atingido pelos tentáculos do controle, está suscetível a estratégias bélicas.
Eu posso criar um mapa para registrar movimentos subversivos; ao fazê-lo, estou nutrindo o oponente com informação. O antropólogo descreve, e com isso, dá condições para que, por detrás do elo entre nativos/as e Estado, se estabeleça mecanismos de controle das populações e práticas registradas. Este é, afinal, o sentido histórico da cartografia e da antropologia. Eis o movimento de auto-reflexão empreendido pelo Atlas Ambulante.
Depreende-se daí, em segundo lugar, a seguinte questão: Como se imunizar do espectro do controle? Creio que, pensando a prática antropológica, não é possível estar-se alheio ao perigo de apropriações sofisticadas e opostas às intenções de quem escreveu um texto ou produziu um mapa. Como o discurso autóctone, o texto deve reivindicar em si o lugar politico de sua enunciação e evocar o contexto de sua produção.
Daí a importância, e concordo com a amiga que disse isso durante uma aula de teoria antropológica, do Texto Perigoso. A virtude do Texto Perigoso é oferecer uma descrição densa a uma só vez precisa e arisca. De todo modo, não estou muito certo que caminhos seguir, ou em que vieses mergulhar. Nada melhor do que dividir esta inquietação perigosa com gente perigosa.

A dama do kendô.

Você deve estar xxxxx. Você nunca vai perder xxxx xxxxxx, nem que xxxxx uma xxxxxxx xxxxx nessa xxxxx xxxxxxx. Nem que a xxxxxx do samurai te xxxxx como um xxxxxxx xxxxxxxxx.
Você certamente tem que suportar aquela vida xxxxxxxx inócua. Quando o xxxxx do seu xxxxxxxx faz qualquer comentário engraçadinho, e sua risada ecoa, você tem que rir junto, mas só sai um sorriso forçado.
- Nem uma palavra! Nem. Uma. Palavra., ele lhe diz.
- Eu não tinha nada pra falar!, você responde um tanto sem fôlego. Não aguenta mais essas interpelações. O desgaste chegou, mas não admite.
Se tudo der certo, alguém do seu círculo social não vai pular fora este ano. O último que desistiu do seu xxxxxxxx nunca mais disse uma palavra.
Se eu te encontrar, vamos xxxxx um xx xxxxx. Você nunca mais vai voltar a xx xxxxxxx palavra. Não vão deixar. Nem você deixa. Xxxx xx exime da responsabilidade de pensar no que fazer caso isso aconteça. xx xx chance de pensar em coisas outras, mais importantes.
Alguém que não frequenta mais esta cidade sugeriu, quando aqui, que deve ter sido difícil pra xxxx superar uma xxxxxx não xxxxxxxxxxxxx. Você e x xxx xxxxxxxx, sobre mim. Eu me ri, senti um afago no peito. Sei que é mentira. Às vezes é bom mentir.
Sempre senti um orgulho secreto de você. Tua garra. Mas jamais pensei que o potencial bunda-mole que você tinha se cumprisse de maneira tão estrita.
Qual fruta atirada na parede, o roxo de você nesse pescoço jurássico, hoje pinta-estrela-guia na memória da minha nuca, nuca, nunc... 
Eco. 
Uma estalactite na memória. Um dia a avalanche ressoa, ela cai. No embate, o guerreiro, ainda que seus pés estejam rijos no solo, sucumbe à técnica. Vê-se em câmera lenta, cedendo mãos da silhueta dúbia, o bastão de bambu, destroçado, flutuando no ar.
A lágrima salta. O filme acaba quando, vacilando, a ponta do joelho da dama do kendô, enfim, macula o tatame.

O rapto do fôlego, eloquência do silêncio em camadas rajadas, ou Pequena declaração I need u boy

Estaria ainda longe de saber como dizer-te, Ó, garoto de globos oculares amendoados... Não, não! Peraí! Humm...

Veja as mãos, ou melhor, olha para as tuas mãos, ou melhor, eu fico vendo as tuas mãos... Peraí, agora vai, hein!

O movimento fugaz - pra mim um raio de Zeus, pra você talvez lapso de São Pedro -, este aperto de mãos, genérico. Pra você, quem sabe aperto de mais, aperto demais dentro de mim. Sobre os conceitos, podemos dizer que por vezes denotam coisas dessemelhantes, quiçá opostas. Acredito que com vida ou morte seja assim. Para aqueles que acreditam em transubstanciação, morte é igual a vida. Se bradam os entusiastas da liberdade para a interrupção da concepção, vida é igual a morte, dirão exaustos os anti-abortistas.
Creio que nada é tão simples como isso. Há um estilo aí. Uma entonação. Se queres entender, pense nesta cena: Você estende sua mão, eu a aperto, soltamos, olhos nos olhos. Te digo:
- E aí queridão!?
Puxemos uma nota de rodapé. O conceito de queridão requer um contexto, não é? Não basta defini-lo de acordo com o verbete da lexicografia disponível.
Quando te digo isto, E aí, queridão!?, estou dizendo muito mais do que qualquer coisa relacionada a afeição ou querer. Note como minha fisiologia se organiza agora para enunciá-lo: E aí, queridão!?
Viu? Significa, me dê um beijo?.

NÃO! Não, carai, péssimo na verdade, não é isso! Eu sou melhor, eu sou melhor que isso, peraí, que vai sair bem, porque eu não quero que você não me leve a mal, é só ficar no lance das mãos, sabe o lance das mãos?, fica nisso, esquece a coisa da voz, da entonação, tem a ver só com as mãos, a coisa da textura, peraí. Sabe o lance que eu falei?, o assunto tem a ver com o aperto de mãos, então foca nisso. Presta atenção, esquece a fita do beijo.

A superfície da sua mão passou bem rápido pela minha. É aqui que residem os limites dos rituais de gênero da nossa sociedade. Não, tsc!, não é isso!

A superfície da sua mão passou rápido pela minha. E não pudemos sentir... Isso, é isso.

Lembra quando nos cumprimentamos hoje? A superfície da tua mão passou muito rápido pela minha, a ponto de quase não podermos sentir e decodificar nossas respectivas dermes. O que você sentiu, eu não sei. Eu, por meu turno, estremeci através do contato com a textura lisa da sua pele. Pouco tenho a dizer da profundidade e da extensão, e mais da tecitura que então sou capaz de projetar. Concernente a cada instante do teu... corpo-em-relação, concernente a cada secção, cada sulco mal explorado, cada canto...

Ah! Você já entendeu, né? Desculpa.

esboços assumidos

s/t

o prazer, q eu nunk entendi, de ser primorosamente normal


s/t (carta)

Ninguém vai ler esta carta. Porque eu limpei o meu cu embosteado nela. E como eu limpei meu cu embosteado nela, ninguém vai querer lê-la.


pan w/ eggs paradiso

Respiro
Respiro
Resvalam tecos de mim
Nexos de um fi-
Nalmente
As bichas de mim
Não mentem
São cegos assim
Legos de bi-
Polaridade
Sempre foi verdade

As vidas acima
Virando na esquina
As prima
Tabata
Surleide
Cida
Um mundo de ho-
Micidas
Planeta de su-
Perfície
Finda

Medra
Cascatas de pura merda
Será que a pessoa certa
Encontra--se sob a seta
De neon

Encerra
Daqueles que escaparam
Da cela, bife a cavalo
Enxergam no horizonte
Um monte
De não


s/t

Minha mãe começou a desconfiar que eu me prostituía na época em que me encerrei em casa por conta do pó.



Cê não entende o que eu falo
To cansado até o talo
Aperta a tecla SAP
Canto inferior do teclado
Conversar vc não sabe
To saindo do whatsapp
Aqui não tem mais wi-fi
Depois conversamos mais

Garoto telegrama
Econômico demais
Ele quer cada vez mais
Muleke faz programa
Seu desejo se inflama
Ele finge que te ama
E te leva para a cama
E arranca a sua grana

A concorrência eh desleal
Quanto vale o segundo
Para um pobre vagabundo
Ter acesso ao seu pau
Quanto vale o agora
Quanto eh que cê demora
Quanto vale o profundo
Gosto do sexo anal

Garoto elegante
Correntinha, aba reta
Debaixo da bermuda
Sua pica está ereta
Ele sonha com um possante
Uma casa, uma preta
E dispensa qualquer ajuda
Esse muleke eh mto treta

Nível universitário
Vacinado contra otário
Ele não marca bobeira
Já passou de estagiário
Esse muleke eh profissa
Quase é PhD
Já rezou a missa
Vai entrar no seu apê
Vai sair da tua banheira
E vai explorar você

Eu não vendo o corpo
Eu comungo
Por isso que eu sou
Assunto


s/t (ode ao Xxxxxxxxx)

Ele me diz todo dia
Que adora me adorar
Que é uma coisa leve
Também densa
Pique forever
Você pensa
Como eu penso em você
Todo dia, na saúde na doença
No trabalho, assistindo tevê
E eu lhe respondo o que ele quer ouvir
Ele sabe que eu só sei mentir
Mas ele ouve com ternura
À noite fumamos um beck
Ele conduz a minha pica dura
Que cada vez mais cresce
Mas quando adormece
Sua atenção madruga
Ele finge que me esquece
Ele fala todo dia
Que eu sou todo seu
Ele não sabe a fria
Em que se meteu
Eu o trato como um deus
E deus eh o q ele eh
Ele sabe disso e teme
Ele está perdendo a fé

De que nunca chega o adeus