Diga aos amores etiquetados que eu decidi ser
freegan, e que o único jeito de se comunicar comigo agora é por meio de sinais de fumaça.
Fala pro amor-capital que eu tripliquei de preço, e diz pro amor da esquina que eu cortei a rua.
Ao amor do metrô a mensagem é simples: fiz a baldiação e perdi meu coração em Calmon Viana, como a perdida bala que o perfurou fulminante.
Diga aos amores-da-escada-de-saída-de-emergência que tudo vai bem por aqui, na minha bolha de látex, e que eu deixei há muito tempo de percorrer os degraus da minha vida porque cheguei ao piso do cinema.
Também diga ao meu amor amendoado, que eu o esqueci completamente, e que não existem motivos para que nós nos vejamos nunca mais -talvez apenas mais uma vez, que é para ter certeza.
Pr'aquele amor do
show de
rock, diz que eu sou hare-krishna, e pro da sinuca diz que eu não sou viciado em cocaína nem em
crack, pro vegetariano fala que eu sou canibal, pro cristão eu sou comunista...
(Pros amores fantasmas eu tenho uma simpatia tiro e queda!)
Ao amor da minha vida, diga-lhe que o espero na porta das manhãs porque o grito dos seus olhos é mais e mais e mais...
[E bateu-me forte no peito agora uma vontade tão, mas tão louca, de dormir, dormir, dormir...
Até acordar.]