segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Preciso que esta carta seja um prelúdio! 26/8/2014 1h12 Amor irreversível #9 (Sempre o primeiro!) & Irresponsável

Ontem à noite vi teu corpo projetado sobre o meu numa febre tanta, que duvidei mesmo ser real o que se passava. Lhe disse as palavras mais irresponsáveis, disse que atravessáramos a via láctea. Coisa mais infra: que sua presença deleitosa fez minha lua ficar cheia de graça, bilhões de estrelas tornarem-se visíveis e os vagalumes cantarem canções de amor.
Um irresponsável!
Algo dentro de mim diz contenha-se, ou melhor, MENTIRA!!!, é algo que vem de fora, de fora de todos nós, e eu não quero me contentar em ser disciplinadamente frio, eu quero chocar as placas tectônicas dos nossos corpos, e quando isso acontecer todos os noticiários vão berrar, diplomáticos degladiarão, as televisões eloquentes noticiarão com todas as cores, os povos sentirão o tremor e mesmo o ermitão mais isolado ouvirá além-mar o ruído, e será tão rude o burburinho que até a suposta harmonia nas órbitas dos planetas será ameaçada.
Sabe como eu o guardo para mim, depois do dia de ontem, como uma infinitude que reconheço como impossível. Em um ano, moço, sua vida pode mudar, seus braços hipertrofiam, sua cabeça revoluciona, sua púbis rebela-se, seus poros dilatam-se, seu coração vira repique epiléptico de bateria, tudo isso ao mesmo tempo e alternado, ao sabor dos dias, a gosto dos agostos - como este tão infernal de quente.
Sua existência me transtorna. Não qualquer existência, mas esta, que - também - irresponsável permitiu que eu cercasse tua mão com meus tentáculos (aqueles tentáculos indignos, sujos, punks), permitiu que trocássemos a seiva da nossa rebelião juvenil, e o calor do motim instalado entre braços: nossos poros como gêiseres chocando-se. Irresponsável erupção: chuva de cometas brancos a irresistivelmente tingir a doce pele de mascavo, enquanto teu rosto se curva irresistível, a pintar aqueles frames impressionistas... Você se contorcendo de prazer.
Será que, quando eu tinha a sua idade, eu tinha ideia tão clara - e percepção tesônica - do que é ter prazer dando prazer?
Será que, quando eu tinha a sua idade, eu seria capaz de entender o que é um corpo auto-domesticado, capaz de incorporar aqueles aprendizados ligados ao ânus, dominação, sexo por dinheiro?
O quão diferente eu sou mesmo pra você? Ou será que o cara diferente aqui apenas não quer ser pra você a diferença que ele sempre quis ter nos seus dezesseis? Ou, permita que ele pratique uma diferença que ele quer ser pra você!
Você disse que pensou que era impossível encontrar pessoas reais, como eu. A formulação é incrível. A última coisa que eu penso ser é real. O sentimento que eu pratico - dentro e fora de transações monetárias - vem sendo puro simulacro. Não há desejo fora do simulacro. Há no entanto uma coisa que dá a impressão a transcender essa lógica, cheguei a viver isso uma vez na vida, mas passou como uma febre - cheia de delírios.
Dói no meu coração imaginar que você é essa febre. Não porque febre - não porque sonho -, mas porque passageira. Ainda bem que não tenho cabeça. Ainda bem que sou capaz de morrer pela convicção de que não mereço uma vida medíocre. Ainda bem que sou capaz de assumir essa minha postura beatnik pequeno-burguês. E ainda bem que posso ser feliz em diferentes regimes.
Mas estou sentindo aquela estranha sensação de que essa projeção de felicidade foi costurada num bolso embutido de um coração cujos fiapos enredaram nos meus novelos obsessivos.
E isso porque, ao falar que achava impossível achar alguém real como eu, quis dizer que dificilmente se relacionara com alguém que expusesse dessa forma peculiar de explodir - que cultivo hoje por tua causa - o que sente por alguém.
Mas, meu caro moço, é porque estou transtornado!
Estou transtornado porque creio que preciso de você!
Estou transtornado porque não posso ser menos verdadeiro do que estou sendo!
Estou transtornado porque não sei se você me deseja!
Estou transtornado porque você é uma das pessoas mais lindas que eu já conheci!
Quero te mostrar muitas coisas. Quero ser parte do seu mundo. Quero que você diga coisas hesitantes que me causem ereções no cérebro, na piroca e nos meus pelos. Quero ser pra você aquilo que nenhuma outra pessoa foi na sua vida.
Simplesmente... Porque eu quero!
E eu quero... Que você queira!
E eu me explodo em ansiedade... Porque quero... Que nós queiramos!