os quatro segundos que me provaram
que é fato: o mundo é um troço insano.
que eu não sei lidar com isso que me deram
-eu quero livrar-me de entrar pelo cano.
eu quero sair já desta paranoia,
e se eu não fugir depressa e correndo
eu vou é morrer, me matar joia, joia,
ou enriquecer, viver joia morrendo
e isso não passa de um vaticínio.
estou é à cata de um grã-futuro;
se sobre as pessoas exerço fascínio,
juro, isso me soa como um apuro.
o meu capacete na manhã urgente
é o meu lembrete de que sou humano.
minha bicicleta e toda essa gente
me provam asceta: mundo troço insano.
26 12 2009
vai encontrar esta noite um amor sem pagar
I-denúncia
carros.
estacionam.
garotos.
olhos felinos.
amor premioso.
amor premiado.
estrelas binoculares.
punição cósmica.
nuvens cor-de-carne.
carne desejada & carne sem desejo.
eis. o. beijo.
paixão estacionada.
carros.
II
havia um quê de serenatas. nada se ouvia, contudo. até o enrustido ronco dos motores parecia não ter som. nada, nada se ouvia. as famílias dormiam em paz. em volta da praça os carros dançavam obscuros e silenciosos feito urubus. no afresco da noite, um véu nublado, uma estrela esquecida, árvores resmungonas e olhares ocultos. alguns carros, mais caros que casas às vezes, traçavam rotas avulsas para o mesmo fim: a felicidade comprada -ou o sangue encantado-, tentando provar para seus donos que a impotência se cura com gasolina, muitas cilindradas e sexo sem palavras. a angústia muitas vezes atravessava os sussurros mercenários. muitos ainda não entendem como funciona o capitalismo do amor, mas, por falta de intuição, nós temos o instinto. a Lua envergonhada se cobre para ninguém vê-la vermelha. e aqui o amor funciona como deve funcionar, sem serenatas, sem som, sem nada.
27 12 2009
que é fato: o mundo é um troço insano.
que eu não sei lidar com isso que me deram
-eu quero livrar-me de entrar pelo cano.
eu quero sair já desta paranoia,
e se eu não fugir depressa e correndo
eu vou é morrer, me matar joia, joia,
ou enriquecer, viver joia morrendo
e isso não passa de um vaticínio.
estou é à cata de um grã-futuro;
se sobre as pessoas exerço fascínio,
juro, isso me soa como um apuro.
o meu capacete na manhã urgente
é o meu lembrete de que sou humano.
minha bicicleta e toda essa gente
me provam asceta: mundo troço insano.
26 12 2009
vai encontrar esta noite um amor sem pagar
I-denúncia
carros.
estacionam.
garotos.
olhos felinos.
amor premioso.
amor premiado.
estrelas binoculares.
punição cósmica.
nuvens cor-de-carne.
carne desejada & carne sem desejo.
eis. o. beijo.
paixão estacionada.
carros.
II
havia um quê de serenatas. nada se ouvia, contudo. até o enrustido ronco dos motores parecia não ter som. nada, nada se ouvia. as famílias dormiam em paz. em volta da praça os carros dançavam obscuros e silenciosos feito urubus. no afresco da noite, um véu nublado, uma estrela esquecida, árvores resmungonas e olhares ocultos. alguns carros, mais caros que casas às vezes, traçavam rotas avulsas para o mesmo fim: a felicidade comprada -ou o sangue encantado-, tentando provar para seus donos que a impotência se cura com gasolina, muitas cilindradas e sexo sem palavras. a angústia muitas vezes atravessava os sussurros mercenários. muitos ainda não entendem como funciona o capitalismo do amor, mas, por falta de intuição, nós temos o instinto. a Lua envergonhada se cobre para ninguém vê-la vermelha. e aqui o amor funciona como deve funcionar, sem serenatas, sem som, sem nada.
27 12 2009