sexta-feira, 31 de março de 2017

ele se foi e eu fico pensando...
que com ele, para onde quer que tenha sido, Rolim de Moura, Curitiba, Orlando ou whatever, e também depois de tantos surfers, rapazes gays da minha idade, que visitaram tantos lugares no mundo, que eu quero ser como ele na vida de alguéns. que eu quero não passar incólume, quero deslocar casais, quero casar abroad, quero fazer diferença e viver diferenças. ele se foi para Lambari do Norte, a cidade imaginária que inventei para seu trôpego passeio tropical. no meu mundo e no meu sonho ele vem para São Paulo e eu vou para Rolim, no meu mundo e no meu sonho minhas habilidades de comunicador me levarão sem problemas, sem dilemas para onde quer que eu queira ir, pois o Capital estará ao meu favor, todo mundo me quererá, onde houver devir-casa hei de estar, nesse mundo em que eu posso, demando, quero-careço-preciso e FAÇO circular. Kant nunca saiu de seu quinhão e revolucionou a filosofia. mas a minha filosofia parte da premissa oposta, que é a de existir em função de circular. só conheço uma, duas escalas, não estou satisfeito. estou interessado em muitas histori-cidades, estou interessado em conquistar o espaço, A TERRA É GRANDE MAS NÃO É O LIMITE, aliás, EU NUNCA SAÍ DO MEU PAÍS, MAS - eu sei - A TERRA É PEQUENA, e, nossa, não há nada tão brochante quanto professá-lo (do alto da minha precária pequenez) e vivê-lo enquanto frustrada pulsão, vazio da vazão, inumado querer. para ser grande no meu mundo de querer-ser, falar não me basta. mas meu mundo me bosta, e fica bostando em promessas, histórias outras, propagandas muitas, e eu propago desejos e pago os apaixonados ensejos. ele se foi e agora com ele se esvaem sabores e multiplicam-se ânsias. há uma esperança sem pernas, e os antípodas da miséria não me sugerem opostos. pro dia de amanhã, espero, arroto suspiros, verto desesperos em lágrimas arregaladas, faço de sapato o gato que em mim habita e notívago grita: noite vago - em biritas - e em dia crônico faço saber, ATÉ O AMANHECER - e ele se foi - EU ME VOU ATÉ LÁ, haja o que houver, e pra o que ainda não está, há um dois três vários
ha
ve
rás.
quem viver...
verá.