domingo, 22 de fevereiro de 2015

cenas d'Erinhos_2014 #2

estava com B. na cozinha muito bêbado de caipirinha cantando "se você quiser alguém pra ser só seu, é só não me esquecer: estarei aqui!", luzes coloridas girando, como sempre. nunca mais vi meu skate.

naquele sábado, eu olhei para aquela grande sala, lembrei da última terça, e fiquei muito triste. vi aquele queijo, as marcações cênicas, a textura do chão que a partir do dia trinta ficaria interditada. no meio de um dos jogos cênicos tive que me retirar para lacrimejar em paz numa cabine do banheiro feminino - o meu predileto.
quando voltei, M_zim, M. e S. estavam ao meu redor. quando foi que aconteceu essa coisa tão linda, de meus grandes amigos estarem ao meu redor em um espaço de formação para a vida como a oficina de teatro do V.?

à tarde fui aO Oficina com B., trombei o F. e sua presa, bebemos vinho, foi honestamente incrível. fiquei bem.

à noite fui pra Augusta. li o esboço da poesia que eu recitaria na terça para desconhecidos, inclusive um viado nervoso de tesão por mim. trombei A_zinho: a sensação de ser desejado por uma pessoa que tu desejas. uma coisa incrível que está reverberando pulsante até o presente instante.

terça de manhã, pensei em tudo que havia acontecido, aquele viadinho escroto ia destruir tudo faltando no dia da nossa apresentação. chorei mais uma vez.

olho para aquela grande sala. meu cabelo estava bastante curto. o viadinho escroto foi.

chegou o momento enfim, o parabéns surpresa para D. ele se emocionou, in a very blonde straight way. e então, enfim, a poesia para aquela terça. tremi. quase chorei. joguei chocolates.

no ensaio para aquela cena, ele roçou sua perna na minha. fé cênica... meu ovo.

no último sábado da oficina do V., já na Oswald, disse, na presença de S., J. e R., mas também M. e S.: eu me despeço da oficina me sentindo meio órfão, mas absolutamente grato pelos momentos incríveis que ela me proporcionou. sim, V. e eu choramos.

agachados depois de muito correr da polícia militar, nos primeiros idos de 2015, ele futuca brevemente meu joelho.
uma promessa de retorno.
ao nada.

cenas d'Erinhos_2014

na véspera de 2014, eu ouvia duas ou três vezes O Vento até chegar no autorama do Carrão, guardava o fone de ouvido e o player, fazia um programa, tomava um pingado, fazia outro, passava depois no quiosque onde o W. trabalhava, e voltava pra casa pedalando ouvindo O Vento mais duas ou três vezes.

mal consegui dormir, Meninos e meninas ecoou na minha cabeça a madrugada inteira. acordei às sete da manhã daquele sábado, sendo que a oficina começava tipo às nove. pedalei o caminho habitual Padre Adelino-Vd.Guadalajara-Celso Garcia-Rangel Pestana, devia estar ouvindo o Ventura, e parei naquela esquina onde costumava comer, nas proximidades da Mazzaropi, e com o dinheiro do sexo pedi um pingado e um pão na chapa. era oito da manhã ainda.

durante meses e meses e meses eu fiz teatro. mas o ápice da minha coisa teatral veio depois daquele domingo - que rendeu óbito e nascimento. na terça-feira, aquele dia inesquecível, aquela sala com um piano. esperei ele recitar a poesia dele, sobre o outono, então levantei logo após, dei uma volta no círculo de gente, e então recitei, alternando o olhar que o eu-lírico-Eros lhe direcionava com os demais confidentes na sala:
Tens a face de mulher pintada pelas mãos da Natureza,
Ó Senhor, Ó Dona da minha paixão. Um coração gentil de mulher, embora avesso a rápidas mudanças e efemeridades passageiras...
Um olhar mais brilhante, e mais autêntico, e imantar tudo que contempla. E uma cor masculina, a guardar todos os seus tons.
Rouba a atenção dos homens, e causa espanto às mulheres - se como mulher tivesses sido primeiro criado.
Até a Natureza, ao te conceber, caiu-lhe o queixo
[aqui meu queixo de fato caía]
E eu, também, caído a teus pés,
[e eu de fato me ajoelhava aqui]
Nada mais acrescento ao meu propósito.
Pois,
[ia até a M.E. pegar a rosa vermelha]
Ao te escolher para o prazer mais puro,
[contornava a roda e ia até ele, ajoelhando em sua frente, com a rosa empunhada, guardada nas costas]
Teu é o meu amor e, teu uso dele,
[voilá! entregava-lhe a rosa]
O seu tesouro.

isto chama-se Soneto 20 de Will Shakespeare. foi minha melhor versão. tod_s ficaram passad_s, há uma interpretação diferente para casa pessoa sobre o que aconteceu. dupla assunção no grupo. e eu assumia estar de fato a seus pés. só eu sei quanto tempo fiquei ensaiando essa porra no quintal que nem um esquizofrênico, enquanto M.E. e M. dormiam embalados pelo Jigglypuff.
enfim, viver, com toda a putanhice - que há pouco completou um ano -, toda a política, todo o teatro e todo o amor, pareceu fazer muito sentido.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

amada Amaya

ilustre visita na Guanabara
ladra ladrando beira-mar a pé
....portando portentosa vara.
....las dos últimas passivas ardentes da ponte do Tatuapé
.............que a deusa enfim as tenha.
.................mi hermosa puta porteña
........- vapores que o rio de la Plata emana -
do alto da serra de Bocaina vejo a Lua
....................do Corcov(i)ado vês o Sol
......................sai de dentro de mi hermana
.................................prostituto portuñol


pau no cu--------------------
pau na buceta
i miss u--------------------
Enriketa

vá fazer 20 reais!

odeio fazer esse tipo de poesia, nesse formato. mas acho tanto que ela se encaixa com a proposta semântica...

eis o conselho que eu dou para os meus amigos
...............................................................................- jovens amigos
vá fazer 20 reais!

quando estiveres estressado
nenhum puto no bolso
vá fazer 20 reais!
pega uma bicicleta
e vai fazer 20 reais!

o frescor da juventude
as rugas que ainda não tens
uma promessa de futuro
dentro de uma Mercedes Benz

quando deixar de ser carona
e pilotar seu próprio auto
diga em bom tom - e alto
quando eu era jovem
fui fazer 20 reais

depois que fizer 20 reais
você vai chegar em casa
e dizer para si mesmo
acabou!
vai beber a sua cerveja
fumar a sua maconha
ler seu livro
talvez ligue para a sua mãe
vai olhar para o presente
e de dentro do seu peito
uma voz arranhará:
fazer 20 reais?
nunca mais!

mas enquanto houver tempo
e a grana estiver curta
vá fazer 20 reais!
não deixe o cotidiano
destruir sua vaidade
aproveita a sua idade
vai fazer 20 reais!
esse é um tempo que não volta
não hesite, vai correndo
e não esqueça de na volta
me devolver um abraço fraterno.

enquanto durar
20 reais é eterno.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

três sinais possíveis de que 2014s podem acabar - ou não

o que é, no meio do ano sair da Oficina Cultural Amácio Mazzaropi na Rangel Pestana, de bike, depois de jantar com subsídio $eminal naquela esquina com a galera, cantando O Vento enquanto ciclovoo sobre o viaduto Guadalajara, visitar Enriketa no alto da Serra de Bocaina e encontrar minha refugiada castilhense em casa!?

foi-se Enriketa para Guanabara
foi-se a Amácio para o Bom Retiro, e sua antiga carcaça para o restauro
foi-se a refugiada para o Instituto Butantã

ficam os piercings no coração