segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Momentos de crise são por excelência o lócus -tradicionalmente endossado- da minha produção criativa catalisada. Por momentos de crise leia-se uma espécie de explosão que acontece no meu cérebro que balança ou transforma minhas estruturas concretas e "racionalizadas" de atuar (bricoleurmente).
Ficar muitas horas sem dormir é um "agravante"; eu fico pensando, pensando, pensando, pensando e é uma coisa -como se diz- do capeta -que, por excelência é o artesão de pensamento ruim.
O fato é que as horas se passaram e os fatos recentes se repetem, como se o meu dia -que está durando vinte horas- estrategicamente situasse cada cena como uma pauta a ser discutida. Então, desde o dinheiro, a música, a carreira, a maconha, a corpolatria, o sexo, o amor, os estudos, a política, a polícia militar, a faculdade, minha vida social, aparecem todos estes tópicos em cenas que isoladas parecem ser metáforas que criaram vida e agora ajudam este administrador de vícios a dar um help no traçado cujo fim é a morte -ou parece ser.
O golpe mais baixo veio a vinte minutos atrás -antes de eu subir para o laboratório multimídia da minha faculdade, chamado Pró-Aluno, apelidade Pobre Aluno-; estava lendo o tristíssimo Precarious Life, da Judith Butler, entendendo 10% porque meu Inglês é fraco; triste porque eu concilio o pouco que entendo com o tom da língua da autora, que é emotivíssimo, e o meu ex-namorado, que é sobretudo um amigo, mais do que ex-namorado, apareceu com um homem belíssimo ao seu lado, e parece que aquele era o momento mais feliz da vida dos dois... E foi instantâneo e aleatório, como eu sempre sonho -ou costumava sonhar com mais frequência-, isto é, foi como eu vi a cena, algo que impediu algumas noites e que as transformou em textos quase amargos, ali, na minha frente, e não era eu; não tinha nada a ver com o Rafael, era algo como um flerte que você fica olhando pro cara e seu coração bate muito, então você vai lá e conversa, e você tá super nervoso mas dissimula, daí você percebe que ele está suando muito, e você pensa NÃO PODE SER POSSÍVEL, você acaba de constatar que é a pessoa mais feliz do mundo... Agora, quando isso acontece na sua frente, você está na minha situação, e não é você um dos dois -supondo-se que são dois- protagonistas, você sente o peso, larga sua leitura tristíssima -que até onde eu li tratava da dor da perda (loss) de alguém com quem você tem um laço (tie)- e vem chorar ao teclado, olhando desolado para a tela... E o pior, você ainda não tem sono.