terça-feira, 25 de agosto de 2020

arisco
há risco?
arrisco

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

s/t (tudo vai dar errado)

na vida se tem tanta preocupação
sobre a certeza, o sucesso e o fracasso,
mas, pelo menos eu tenho o alento
    eu tenho o alento
de que tudo vai dar errado.
que viver nada mais é que acidente
e a vida sopra desde uma certa manhã,
e quando vê, acaba de repente...


a seriedade, meu amor,
não faz verão nessa cidade, meu amor,
e essa vaidade, meu amor, é a mortandade, meu amor.
eu não aguento o sabor de ser canalha,
eu sou cantor – e o meu canto é navalha, meu amor.


se você vier me perguntar por onde andei
as dores que eu carrego só eu sei
e que amanheça o véu da resistência
o mundo não tem rosas e só é feito de rosas
e que floresça o gen do pensamento
e que as ideias voltem a ser perigosas
e que as ideias voltem a ser perigosas
e que as ideias voltem a ser...


tudo vai dar errado
tudo vai dar errado
tudo vai dar errado
s
e der certo vai dar errado

C. & F.

parece cocaína, mas é só pressa

pela vastidão-devassidão do pertencer.

o seu beijo não se vende em garrafa.

parece cocaína, mas é só você.


dentro e fora dos absolutismos

e exageros das curvas, declives

do corpo e dos corpos, os vãos

e sulcos sulcados no colchão.


parece pressa, mas é só a paz,

quinhão de vida no meio nu,

culhão, pulsação olorosa na ponta

do dedo arriscando o rio da derme.


licor de promessas e espumas

ao ventre, a vida desponta do três,

seis olhares perplexos e embevecidos

- santo milagre, trindade, aparecidos.


os olhos se fecham em comunhão.

os ouvidos se encerram, comungam.

as bocas desistem de ser: fala e falácia.

e incontinenti reina o tato, tarântula.


o sonho emerge lento e real

dos recônditos amenos do que é

e sussurra em verso e prosa à alma

que é de amor, é de vida, é de calma.