segunda-feira, 17 de agosto de 2020

C. & F.

parece cocaína, mas é só pressa

pela vastidão-devassidão do pertencer.

o seu beijo não se vende em garrafa.

parece cocaína, mas é só você.


dentro e fora dos absolutismos

e exageros das curvas, declives

do corpo e dos corpos, os vãos

e sulcos sulcados no colchão.


parece pressa, mas é só a paz,

quinhão de vida no meio nu,

culhão, pulsação olorosa na ponta

do dedo arriscando o rio da derme.


licor de promessas e espumas

ao ventre, a vida desponta do três,

seis olhares perplexos e embevecidos

- santo milagre, trindade, aparecidos.


os olhos se fecham em comunhão.

os ouvidos se encerram, comungam.

as bocas desistem de ser: fala e falácia.

e incontinenti reina o tato, tarântula.


o sonho emerge lento e real

dos recônditos amenos do que é

e sussurra em verso e prosa à alma

que é de amor, é de vida, é de calma.

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