segunda-feira, 31 de julho de 2017

você sabe que eu sou uma estrelinha na cidade.
eu fico pensando nisso quando saio vagando por aquelas velhas calçadas.
existem muitos moços barbudos flanando por entre a fumaça.
e por entre os vórtices, grupelhos e manchas acústicas ressoa a canção.
no sonho eu rondo a cidade a te procurar, não hei de encontrar nada
além de vontade, além dos bons e velhos mesmos rostos rotativos
e dos quase amigos quase novos quase antigos.
na cidade da minha canção tocam os DJs, os sintetizadores e os sinalizadores.
e os corações batem como bombas de efeito moral.
e as tristezas choram com o gás lacrimogênio.
o meu choro é de outro gênero, abrupto, sufocado, mudo e gelado.
o perfume da cidade mudou desde que você sumiu das praças
dos bares, baladas, festas, karaokês e smartphones.
o que sinto no ar é o cheiro forte de saudade, vindo bem longe da sua nuca.
não sei se o que sinto é esse cheiro, ou senão o cheiro do nunca.
a cidade da minha canção ratifica lacunas de coisas que nem existiram.
talvez a estrelinha que eu sou nunca tenha existido.
talvez num avesso irônico nem você tenha desistido.
e está apenas evitando banhar-se da minha luz por um momento.
esta estrelinha enfeita o céu dando lhe um caimento.


e você passa escondido por ela, tão invisível como o vento.

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