eu: https://www.facebook.com/vegansidekickptbr/photos/a.810988588925950.1073741827.810984078926401/819598114731664/?type=1
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cadáveres!
eu:
essa página vegan é incrível
tô olhando há mais de uma hora
eles mandam mto bem
acho q vc vai gostar __, pq eles questionam vários pressupostos da filosofia e do senso comum
__:
estou dando uma olhada
eu:
A parte mais esquisita do argumento vegan pra mim é essa, a moral e a ética
Mas eu acho que ela fala muito sobre como nossas concepções estéticas, éticas e.morais são arbitrárias
E daquilo que é humano. E uma crítica muito massa ao plano biológico das explicações.
O leão, os ancestrais etc. E aquela coisa da hipocrisia, ser a favor dos animais mas financiar o abate. É muito louco isso né?
__:
Acho essa relação um pouco forçada. Não sei se já houvi alguém abertamente defender o abate. Me parece forçado sugerir que comer carde implica em defender o abate.
Ao que me parece, as pessoas que gostam de carne, simplesmente gostam de carne. E esse gostar prescinde de qualquer consideração acerca da "genealogia" - seja brutal ou inofensiva - daquela coisa gostosa que se come.
É um pirulito na boca de uma criança: Um negócio gostoso de por da boca.
Quantas crianças estão interessadas em saber se eles são feitos de rochas venusianas ou do sangue dos estrangeiros?
O ilustração de como nós nos postamos diferentemente frente a um cachorro e a um porco é um ponto bem interessante. Mas é um ponto que se volta contra a própria ideia defendida.
Por que da mesma forma que se levanta a questão "por que porcos mas não cães?", também pode se levantar a questão "por que bactérias mas não porcos?".
Assim sendo, o mesmo princípio a partir do qual elegemos "arbitrariamente" o cão por sagrado potencial de personificação, o porco também ocupa uma posição arbitrariamente discriminada diante de outras formas de vida.
Como se, em virtude da nobre defesa da vida, a única questão a se fazer fosse:
que bichinho parece mais com a minha simpática tia Máguida?
Sem mais, meritíssimo.
eu:
hahahahaha
é, mas eu fiquei pensando, aquilo que é vida depende de circunstâncias contingenciais e arbitrários pra ser definido.
mas daí evocar o argumento do relativismo não necessariamente nos eximiria da responsabilidade de pensar por que alguns mamíferos, aves e peixes são carne e outros não, se todos têm as mesmas propriedades nutricionais e potencialidades estéticas.
e dá pra usar um argumento quase marxista pra pensar numa resposta a "por que ligar pro abate se o que importa é a fruição da carne?"
acho que uma resposta possível seria "porque a nossa estrutura econômica e comensal está baseada na divisão do trabalho de tal maneira que o afastamento do abate é duplamente estratégico: primeiro ele afasta a atividade de sacrificar os animais que comemos de forma a tornar inteligível o nosso amor por outros; segundo, transforma a produção de comida em uma cadeia corporativa gigantesca"
como se o humano fosse alienado do modo de produção da comida, e assim sendo, não precisa enfrentar o fardo de sacrificar os animais que come
por falar nesse assunto, juro que o meu peido tá com o mesmo cheiro do queijo gorgonzola que eu comprei!
ou seja, o queijo está bom, meu intestino não
__:
Acho que o afastamento do abate antecede a nossa estrutura econômica. Mesmo numa sociedade feudal, só alguns são açougueiros.
Já quanto ao "fardo de sacrificar animais", não vejo como não considerar esta posição moral - que se estende a quase todos nós, acredito - também como produção cultural. Talvez periodicamente alimentada justamente pelo afastamento.
Esfolar animais já fez e ainda faz parte do conjunto de práticas cotidianas de ancestrais e vizinhos pelados
... respectivamente
eu:
é, sabe uma coisa que me incomoda? em Antropologia a gente vê que a alteridade é algo que todos os coletivos precisam dar conta. e, antropologicamente, sociologicamente e historicamente a solução pra alteridade é... foder o outro
__:
hahahaha
eu:
eu fico pensando, o que esses caras da militância vegan fazem é ainda mais complexo... eles borram as fronteiras entre humanidade e bestialidade... mas lançam mão de vários argumentos morais, que eu acho meio brochas (você mataria seu filho?). os éticos são mais interessantes (se estabelecemos um estatuto de inteligibilidade e afeição aos cachorros e aos meus amigos, por que as vacas?).
__:
"em Antropologia a gente vê que a alteridade é algo que todos os coletivos precisam dar conta"
Essa noção em si é bem contraditória. Uma vez que se dar conta da alteridade, implica se dar conta de uma alteridade que não liga a mínima pra alteridade
eu:
é, mas mesmo que na antiguidade existisse o açougueiro, o argumento marxista ortodoxo diria: virá o mundo em que a luta entre animais e humanos será superada pelo comun(al)ismo XD
afinal, em toda a história da humanidade houve luta de classes, e só no início do século XIX havia chances de acontecer o comunismo. perdemos o timing, galera!]
__:
hahahaha tá rolando um xamanismo ameríndio nervoso nesse marxismo ai
eu:
HAHAHAHAHAHAHA aloka
pois é, os coletivos dão conta do problema da alteridade fodendo a alteridade. eles solucionam diferenciando e, historicamente, diferenciar implica no mais das vezes desigualdade, sangue etc.
se eu fosse um psicólogo social, diria que a maneira como a gente opera a diferença em relação ao outro tem um parentesco com a maneira como a gente elabora a diferença entre nós-humanos e el_s-bestas
__:
me soa como uma noção super coerente
eu:
xixi
e agora?
__:
"Alterificar" não me parece muito distante de "deshumanizar"
eu:
é, alguns outros são mais desumanizáveis que outros
por exemplo, os bandidos são mais desumanizáveis que as mulheres na nossa escala de valoração
__:
Mas talvez também faça muito sentido questionar se faz sentido "humanizar", antes mesmo de "bestializar". Talvez a noção de que somos todos humanos, ou somos todos uma mesma raça seja igualmente "arbitrária".
eu:
uai, ela "faz sentido". não diria objetivamente, mas de acordo com a maneira da sociedade "pensar"
__:
Esse nosso "humano" talvez seja só uma imagem moral. Não é incomum ouvir referir-se àqueles que se contrapõem às representações ideais de moralidade como "monstros".
eu:
uhum
__:
Se essas representações morais traduzem-se em referências particulares - estética e comportamentalmente -, talvez desumanizar alguns mesmos, seja tão absurdo quanto "humanizar" "outros.
Existe um "nós" dentro de uma igreja, e dentro de um prostíbulo.
eu:
é... é arbitrário... acho que é uma coisa que a política, a antropologia, a sociologia, a psicologia e a história podem explicar...
e, olha que louco, se podem explicar, é porque mudanças são possíveis.... se é social e histórico, pode transformar...
aí o bicho pega
haha! o bicho!
__:
hahahahaha
[...]
__:
O Xxxxx, vulgo amigo xxxxxxx, tem uma amiga que trabalha matando porcos.
eu:
UAU
__:
Ele compartilha alegremente alguns detalhes gráficos
eu:
que loucura! uma mina que abate animais...
eu tenho uma colega do mestrado que não come carne. ela vai fazer campo no Alto-Xingu, e lá comer peixe não só tem relação direta com a economia e subsistência, como os xinguanos têm uma relação muito particular com os animais que comem. é toda uma economia da substância, não essa estrutura do abate que a gente tem.
__:
E não é nada sofisticado. Segundo consta, ela pega o bicho pelas patas e chicoteia o crânio contra uma parede
eu:
ela vai comer os peixes... mesmo porque se não comer, a inserção dela em campo estará meio prejudicada..
__:
Não sei o que entender por "economia da substância".
eu:
nossa, isso deve ser muito escroto! e o bicho deve demorar pra morrer! cara, você não pensa "como vive um abatedor?" oO pra ele é banal. no capitalismo financeiro os grandes executivos não vêem as crianças dos países de terceiro mundo morrendo de fome
__:
parece que é bem escroto msm
eu:
ai __, não sei direito, os xinguanos pensam circulação de substâncias entre corpos.. pra nós a carne do peixe é só algo com potencialidades nutritivas, pra eles têm a ver com outras coisas que eu não sei explicar.
__:
hm... rodízio japonês
Eros chinchila
Vou morrer
eu:
adeuses!
boa morte procê
no abate
__:
Se tudo der errado...
me come
eu:
ou certo..
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
pó de chá
__:
hahahahaha vlw
eu:
Beijo!